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maio 18, por Geraldo Hisao
Determinar o valor de uma empresa é uma prática essencial para decisões estratégicas, negociações de compra e venda, entrada de investidores ou mesmo para fins de governança corporativa. O valuation, termo amplamente utilizado no meio financeiro, é a estimativa do valor econômico de um negócio, considerando fatores contábeis, mercadológicos, operacionais e estratégicos.
Este processo é relevante tanto para empresas em fase de crescimento quanto para corporações consolidadas, e sua aplicação envolve ferramentas quantitativas e qualitativas.
Consultorias empresariais e financeiras são frequentemente contratadas para conduzir esse tipo de avaliação com rigor técnico, uma vez que o valuation é parte central em uma análise de viabilidade ou em um planejamento estratégico de longo prazo.
Valuation é o processo de estimar quanto vale uma empresa ou ativo. Essa prática está diretamente associada à análise de valor intrínseco de um negócio, ou seja, aquilo que ele realmente vale considerando seus fluxos de caixa futuros, posição de mercado, riscos associados e potencial de crescimento.
Embora o valuation seja frequentemente associado a contextos de compra e venda, ele também é utilizado para calcular participações acionárias, avaliar impactos de fusões e aquisições, ou precificar ações no mercado de capitais. Também serve como base para a elaboração de estratégias de expansão, renegociação com credores ou estruturação de planos de sucessão empresarial.
Um dos métodos mais populares e simplificados para calcular o valuation de uma empresa é o baseado no faturamento. Esse modelo utiliza múltiplos aplicados sobre a receita anual da empresa, considerando características do setor, risco do negócio e estágio de maturidade.
A fórmula básica pode ser descrita como:
Valuation = Faturamento Anual x Múltiplo de Mercado
Esse múltiplo varia conforme o segmento da empresa. Setores de tecnologia, por exemplo, tendem a ter múltiplos mais altos (entre 3x e 10x) devido ao potencial de crescimento, enquanto setores mais tradicionais podem operar com múltiplos mais conservadores (entre 1x e 3x).
Por exemplo, se uma empresa do setor de tecnologia fatura R$ 5 milhões ao ano e é avaliada com um múltiplo de 4, seu valuation estimado seria de R$ 20 milhões.
Embora seja um método rápido, ele apresenta limitações, pois não considera variáveis como lucratividade, endividamento, ativos intangíveis ou fluxo de caixa. Portanto, é mais indicado como ponto de partida para negociações ou para análises preliminares em uma consultoria de vendas.
O cálculo de valuation depende do método escolhido, mas todos envolvem premissas relacionadas a receita, custos, investimentos, risco e crescimento futuro. Os principais modelos se dividem entre abordagens baseadas em fluxo de caixa (como o FCD), em múltiplos de mercado e em contabilidade.
Em qualquer metodologia, é necessário utilizar dados confiáveis extraídos do Demonstrativo do Resultado do Exercício (DRE), do Balanço Patrimonial e do fluxo de caixa. Além disso, a análise de DRE é frequentemente utilizada para compreender a rentabilidade da operação e sua capacidade de geração de caixa — fator-chave no cálculo do valor da empresa.
O valuation é indispensável para a sustentabilidade financeira e estratégica da empresa. Sua importância se dá por diversos fatores:
O método de Fluxo de Caixa Descontado (FCD) é considerado o mais preciso e utilizado em contextos profissionais. Ele projeta os fluxos de caixa futuros da empresa e os traz a valor presente, utilizando uma taxa de desconto compatível com o risco do negócio (geralmente o custo médio ponderado de capital – WACC).
A fórmula do FCD é:
Valuation = Σ (FCF / (1 + r)^n)
Onde:
O FCD requer uma modelagem financeira avançada, baseada em premissas realistas e dados históricos bem estruturados.
O método dos múltiplos compara a empresa com outras do mesmo setor, usando indicadores como P/L (Preço/Lucro), EV/EBITDA (Enterprise Value sobre EBITDA) e P/VPA (Preço sobre Valor Patrimonial). É rápido e útil para benchmarking, mas não considera aspectos específicos do negócio analisado.
Baseado nos ativos tangíveis e intangíveis da empresa, o valuation contábil considera o valor patrimonial líquido, ou seja, ativos menos passivos. Embora útil em processos de liquidação ou em empresas com poucos ativos intangíveis, não reflete o potencial de geração de valor futuro.
Indicado para empresas em processo de encerramento, este modelo considera quanto seria recuperado na venda de ativos e pagamento de dívidas. Em geral, gera valores inferiores aos demais métodos.
É o valor da empresa antes da entrada de um novo investidor. Fundamental em rodadas de investimento de startups e empresas em fase inicial, define a participação acionária a ser negociada.
É o valor da empresa após a entrada de capital externo. Serve para calcular diluições e alinhar expectativas entre empreendedores e investidores.
Conhecido também como modelo de crescimento perpétuo, é uma derivação do FCD e assume um crescimento constante dos dividendos ao longo do tempo. Sua fórmula é:
Valuation = D1 / (k – g)
Utilizado especialmente para empresas maduras que distribuem dividendos regularmente.
O Itaú Unibanco é um dos principais bancos do país, sendo avaliado frequentemente por meio de múltiplos de mercado e fluxo de caixa. Segundo dados da B3 e de análises públicas, o ITUB4 costuma ser negociado com múltiplos entre 1,5x e 2,0x seu valor patrimonial. O valuation do banco reflete sua capacidade de gerar lucro líquido recorrente, sua governança corporativa e seu retorno sobre o patrimônio líquido (ROE), um dos mais altos do setor.
A Transmissão Paulista atua no setor de energia elétrica, com concessões reguladas de longo prazo. O valuation da TRPL4 é impactado por fatores como receita regulatória, taxa de retorno permitida e o índice de reajuste anual. Análises por FCD são comuns, dado o caráter previsível dos fluxos de caixa da empresa. O modelo de Gordon também pode ser aplicado, dada a constância na distribuição de dividendos.
A Guararapes, dona da marca Riachuelo, tem seu valuation fortemente influenciado por ciclos de consumo, taxa de inadimplência no crédito ao consumidor e gestão de estoques. Analistas utilizam múltiplos de EV/EBITDA e P/L para precificar a companhia. No entanto, a volatilidade no varejo de moda exige análises complementares, incluindo avaliação de risco setorial e tendências de comportamento do consumidor — aspectos que uma consultoria empresarial ou de planejamento estratégico tende a considerar.